Conheça a trajetória do campeão de muaythai: Adaylton Freitas

Um lutador brasileiro que inspirou gerações por sua dedicação e ritmo de treinos

Publicado em 16/04/2022

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OS PRIMEIROS PASSOS

Nasci em Boituva interior de São Paulo e comecei a treinar lutas com 6 anos de idade, primeiro karatê, depois Kung Fu, por influência do meu pai e para assim eu adquirir boa coordenação e me ocupar com uma atividade esportiva depois das aulas da escola normal.

Aos 12 anos, comecei a jogar em escolinhas de futebol da minha cidade, para assim tentar alguma chance em clubes profissionais.  Consegui treinar em vários clubes, mas aos 17 anos, após ser dispensado do Rio Preto, em São José do Rio Preto – SP.  Voltei para minha cidade natal e comecei a treinar Muay Thai.

O COMEÇO NO KICKBOXING

Na época o Kickboxing era muito forte, e tinha um bom trabalho no Ibirapuera em São Paulo, então conheci a Confederação Brasileira de Kickboxing (CBKB) pela internet, entidade que realizava treinos com vários atletas que competiam Muay Thai e Kickboxing. Assim, em 2008, quando eu fiz 18 anos, comecei a treinar com os profissionais do centro de treinamento no Ibirapuera/SP as terças-feiras pela manhã e fui muito bem recebido pelo professor Cris (CBKB).

OS PERRENGUES COM O MUAYTHAI

Então em um campeonato brasileiro da CBKB eu conheci Marcos Antônio Rodrigues, o Marcão, um dos grandes nomes brasileiro no começo desse esporte no Brasil. O Marcão me convidou para treinar na academia dele a  MR Training Cente, e  como eu precisava treinar mais eu me mudei para São Paulo-SP.

O Marcão me arrumou um serviço de segurança que eu fazia em casas noturnas nos finais de semana, e era o dinheiro que eu usava para me alimentar durante a semana, eu morava na academia, comia marmitas, as vezes no “bom prato”(programa de alimentação do governo do estado que oferece refeições a R$ 1,00) e dormia no canto dos tatames.

A ROTINA DE TREINOS

Eu lutei entre 2008 e 2010 morando na academia e a rotina era dura: treinava todos os dias dois períodos.
Naquela época tinham muito menos eventos de Muay Thai no Brasil, Marcão me incentivou a ir para fora do país para evoluir mais, no caso ir para a Tailândia. Um grande lutador tailandês Pairojnoi, estava ministrando seminários pelo Brasil, assim eu tive a oportunidade de conhecer ele, na academia do Sandro de Castro, a Thai Center em Santos-SP.

O ENCONTRO COM PAIROJNOI

Pairojnoi me convidou para treinar na academia dele na Tailândia.  Ainda lembro que os meus pais pegaram empréstimo com o patrão para me ajudar a ir, e assim consegui viajar. Eu não falava inglês, muito menos tailandês, mas tinha entrado em um avião, mas sempre confiei muito em Deus e era o que me fazia estar sempre pronto para a aprender com qualquer situação.

Passei um mês treinando na Rompsitong Gym, na cidade de Kratumbhen, academia do mestre Pairojnoi.  Tirei peso para lutar duas vezes nesse mês, e as duas lutas não aconteceram. Então um garoto brasileiro que eu havia conhecido na Tailândia, Sheymom Moraes, estava de mudança de academia e me convidou para eu ir na nova academia que ele estava indo,  a Muay Thai Plaza 2004 em Bangkok.

LUTANDO NA TAILÂNDIA


Depois de dez dias que eu estava treinando lá, fiz a minha primeira luta e venci por nocaute no terceiro round. Como não me machuquei, eu já lutei na semana seguinte, exatos 7 dias depois da primeira na Tailândia. No geral se treina bastante na Tailândia, e eu treinava cerca de 7 horas por dia. Por isso acabei lutando em todos os grandes estádios, e comecei a ter bons resultados e me sentir mais confortável com as lutas a cada dia.

OS PRIMEIROS TÍTULOS


Cheguei lutar 5 lutas em 1 mês, e conforme fui evoluindo adquirindo experiência eu comecei a lutar a cada 21 dias, 1 vez por mês, mas aí em grandes eventos onde estavam os melhores, fazendo o esporte em alto nível, Lumpinee, Rajadarmner, Omnoi, WMC, WBC, WPMF, WMO, Prince’s Cup, Queen’s cup, Thai Fight, Max Muay Thai.

Fui campeão mundial pela primeira vez em 26 de maio de 2012 (Malásia), eu tinha 22 anos, mas lembro que quando eu cheguei em casa, eu falei que aquele era só o primeiro, pois naquele momento eu queria 3. No mesmo ano eu lutei uma Copa do mundo na TV 3 (Camboja) com 8 lutadores de países diferentes.  Fiz 3 lutas para ser campeão, a final eu lutei contra o tailandês Changpuak Jetsada, e obtive a vitória por decisão depois de 5 rounds. Em 6 de julho de 2014 fui campeão do Max Muay Thai (Tailândia). Na primeira luta venci por nocaute o tailandês Orono, no segundo round, com joelhadas.

Fotografia Profissional © Darlene Carvalho

Antes desse evento eu havia cortado a minha perna em uma luta, e na final desse torneio (Max Muay Thai), a minha perna abriu o corte, mais do que antes, foram duas lutas na mesma noite, bastante sangue, mas graças a Deus eu venci. Assim mesmo com suor e sangue eu estava com um dos meus objetivos alcançado, 3 cinturões mundiais.

A LESÃO NA PERNA E NOVOS CAMINHOS

Após essa luta, pelo corte ter sido profundo, eu contraí uma infecção, fiz diversos procedimentos, e foi preciso retirar toda a carne e pele afetada, isso fez com que a minha pele colasse no meu osso da canela. Ainda lutei depois da primeira cirurgia na Tailândia, e no final de 2015 vim ao Brasil e fiz mais duas cirurgias, passei por um período de adaptação para eu fazer tudo como canhoto. Foram quase 3 anos aprendendo tudo de novo, passo a passo. Nesse tempo, treinei e formei vários atletas.

Fiz uma viagem até a Tailândia nessa época, mas nos treinos não tive uma boa resposta da minha perna. Dei mais tempo, e comecei a fazer um tratamento com Ozônio (ozônio terapia). E em 2019 voltei a lutar, quem não me conhecia, achava que eu era canhoto.

Enfim, fiz  boas lutas e com boas vitórias, 2019 e 2020. Voltei a estar nos grandes eventos e estádios Thai Fight, WBC Lumpinee stadium, Rajadarmner Stadium. Com a pandemia (COVID-19), muitos eventos pararam, tive lutas canceladas na Europa e Ásia, mas mesmo assim ainda lutei algumas vezes na Europa em 2020, viajei bastante dando seminários, e adquirindo conhecimento com diferentes centros de treinamentos pelo mundo. Em 2020 nasceu a minha primeira filha, o que me motiva a fazer o meu melhor a cada dia. No período que eu fiquei no Brasil treinei muitos atletas, de Muay Thai e MMA também.

CONVITE PARA A AMERICAN TOP TEAM


Com isso fui convidado para fazer parte da American Top Team, como Strike Coach (o treinador da parte em pé), e nos Estados Unidos, treinando MMA me despertou a vontade de dar um passo a mais, ir além. Hoje, trabalhando e treinando no melhor time de MMA do mundo, tenho certeza que teremos novidades muito boas em breve.

Nunca paro de treinar, estudar e tentar evoluir no esporte. Com isso também tento dividir o que eu adquiri e adquiro dia a dia, por isso venho ao Brasil todos os anos e ministro seminários, camp de treinamentos e grandes aulas.

Eu não tive isso quando estava no Brasil, tive que viajar, e passar por muita coisa para evoluir, por isso tento dividir quando eu tenho oportunidade e assim contribuir sempre com o crescimento do esporte.

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