E se…

Publicado em 30/03/2016

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Cerca de 10 dias se passaram da minha última luta, segunda derrota consecutiva.

Estava longe dos ringues há uns 4 meses e eu estava ansiosa para voltar a lutar.

Ao mesmo tempo “Por quês?” surgiam na minha cabeça e eu simplesmente não sabia responder. “Caralho (desculpe-me o palavrão, mas era exatamente e o que vinha na minha cabeça), por que eu quero lutar?”

E eu, de verdade, ainda não sei responder nem claramente e nem objetivamente.

Só sei que eu queria, disso eu tenho certeza.

Sabe, não está sendo fácil – acho que nem pra mim nem pra ninguém – aliar os treinos com minhas outras obrigações na vida, por exemplo meu trabalho.

Não, eu não estou reclamando. Só estou falando que não estou nessa por brincadeira. Não é porque eu trabalho 40 horas por semana que eu vou deixar de treinar 20. E se eu tô fazendo isso é porque o negócio tá ficando sério e só prova essa certeza.

Mas junto com a certeza, em algum momento da pré luta veio a ansiedade e o nervosismo. E eu pensava: “O que eu estou fazendo da minha vida? Eu tenho uma carreira de mais de 10 anos, outra formação… a vida era tão mais simples antes do Muaythai… o que eu tô fazendo, jogando tudo fora?”

Mesmo assim, no meio dessas confusões, a certeza por querer lutar continuava.

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Na semana que antecedeu a luta, tudo ficou tudo mais calmo. Não sofri para bater o peso e nem precisei desidratar. Estava zerada para a luta no dia seguinte. O dia chegou e eu estava tranquila.

A luta começou. Era a sétima do dia.

A minha oponente era, principalmente, muito boa com as mãos. Mas o que mais dificultou minha atuação é que ela era muito mais alta e sabia jogar na distância dela.

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Gostaria de relembrar que eu tenho apenas 2 anos e meio de treino, 6 meses de luta e essa foi a minha 5ª. Uma ‘baby’ no esporte – não quero justificar minha derrota e sim dizer que essa reflexão pode não interessar aos mais experientes.

Enfim, eu simplesmente não achei minha oponente. Eu me sentia como a Ronda Rousey quando enfrentou a Holly Holm.

E, olha, eu costumo ser a do tipo que ouve o treinador, o corner e obedece. Por isso tentava fazer o que eles sempre me diziam, principalmente o que falavam na hora do intervalo.

A nossa estratégia inicial era a mesma que todos apostariam: acertar o corpo com a mão e chutar as pernas.

Mesmo tendo treinado pra esse jogo, foi difícil de colocar.

Quando tentava entrar, mesmo fintando, ela me pegava com a mão e muitas das vezes me desequilibrava.

Era desesperador.

Eu mantive os comandos do meu treinador, mas nessa luta, eu senti mais que nas outras que tinham coisas que eu precisava decidir sozinha, na hora.

Eu pensava: “Ok, ou eu entro com tudo e mais vezes para colocar outro ritmo na luta, correndo o risco de ela ficar me pegando na entrada ou fico mais calma esperando ter certeza da hora de golpear, tentando assim menos golpes, mas talvez mais efetivos.”

Optei pela segunda opção, afinal, lembre-se que quando eu entrava, a mão vinha primeiro e eu desequilibrava. Pensei que se eu começasse ir feito louca, eu poderia até cair e fazer o jogo mais feio da história.

Depois, ainda, assisti minha luta umas ’2349’ vezes e conversei com muita gente.

Começaram então surgir os “E ses…”

“E se eu tivesse optado pela primeira opção e entrado como louca?”

“E se eu tivesse clinchado os 5 rounds sem parar?”

“E se, quando ela, aparentemente, sentiu meu chute faltando segundos para acabar a luta, eu não tivesse grudado? Será que ela cairia e abriria pelo menos um down?”

“E se…”

“E se…”

Pois bem, os 5 rounds acabaram e eu perdi por pontos.

Aquela sensação horrível, principalmente no dia seguinte.

Parabenizo e deixo todo o mérito para minha oponente que impôs seu jogo.

E o pior (ou melhor) de tudo é que eu ainda não sei responder o porquê, mas eu ainda mantenho a certeza de que eu quero continuar…

Parabéns, Gabriella Rocha pela vitória.

Um beijo,

Japa.

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