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A valorização do atleta na atualidade Pt 5 – Entrevista com Gabriel Matoso (Litorâneos Stadium)

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Publicado em 12/12/2016

Oi gente!

Gostaria de apresentar Gabriel Matoso, um dos organizadores do Litorâneos Stadium, que também deu seu tempo para contribuir na discussão sobre a valorização do atleta na atualidade.

Com esta entrevista, fechamos a série de 5 promotores (com representantes de São Paulo, Santos, São Vicente, Portão e Natal) que foram questionados como pensam a bolsa dos atletas e a valorização dos mesmos.

O Litorâneos é o segundo estádio do Brasil, o primeiro do nordeste. É organizado pela Federação Potiguar de Muaythai e pela Liga Nordeste de Muaythai e é sediado na cidade de Natal.

Pesquisando sobre o Litorâneos na internet, achei este outro depoimento de Matoso: “No Brasil a gente já vê muitos eventos que prometem Muaythai, mas na realidade eles são em sua maioria regidos por regras do K-1 (kickboxing)” sem a utilização do cotovelo, ou então com julgamento diferente do Muaythai tradicional que não conta propriamente com o volume aplicado na luta, mas com uma série de outros fatores como contundência, golpes limpos, tipos de golpes aplicados. O Muaythai é uma arte marcial contundente, eficiente e um meio de vida na Tailândia. E é isso que estamos buscando no Brasil, que os atletas sejam reconhecidos, inseridos no ranking, valorizados e vistos de forma profissional, assim como ocorre no país de origem”.

gabriel-matoso

Blog da Japa: Qual a maior preocupação quando você planeja um evento?

Gabriel Matoso: A nossa maior preocupação quando da realização de um evento é estabelecer um card justo e atrativo.
Tão importante quanto o card é garantir condições de trabalho adequadas para os lutadores, por isso colocamos também como prioridades a segurança do ringue, um corpo de arbitragem formado por pessoas que tenham curso de formação e a contratação de corpo médico. De nada adianta pirotecnia, grandes investimentos em coisas vistosas para o público, mas que não agreguem valor para os lutadores, verdadeiros protagonistas do esporte.

BJ: Qual a maior dificuldade que você encontra para executar o planejamento?

GM: A maior dificuldade para a realização de eventos certamente é o desinteresse da esmagadora maioria das empresas em investir no esporte, principalmente no Muaythai, que ainda dá os primeiros passos no Brasil. Os empresários não conseguem enxergar de que maneira haverá valorização da marca com o investimento em determinado evento; os promotores geralmente também não conseguem demonstrar com clareza a vantagem em depositar confiança e dinheiro nos projetos deles. Daí, surge uma combinação que resulta em ínfimas quantias angariadas antes do evento e uma necessidade de conseguir público para minimamente honrar com os compromissos junto a atletas e fornecedores. Apesar desse panorama desfavorável que apresento, acredito que os anos seguintes serão positivos para o Muaythai, na medida em que há uma expectativa de melhoria na economia do país, há também um movimento de profissionalização e divulgação do (verdadeiro) esporte tailandês em território brasileiro e há, sobretudo, pessoas sérias, abnegadas e apaixonadas pela luta das oito armas, capazes de tirarem de onde não têm para fazerem sempre mais por esse desenvolvimento.

BJ: Como você pensa a bolsa de um atleta?

GM: A bolsa do atleta sempre é pensada de acordo com o histórico dele na luta, as condições de patrocínios oferecidas para o evento em específico e, de alguma maneira, pelo público que ele é capaz de conduzir ao momento da luta.

BJ: Você sempre consegue pagar o que acha justo?

GM: Absolutamente, não conseguimos. Sabemos das inúmeras dificuldades que um atleta enfrenta até o dia luta, conhecemos todos os gastos envolvidos nessa preparação. Ocorre que algumas situações impedem que a remuneração seja a ideal: o cenário de recessão economia em nosso País, diminuindo significativamente a verba de patrocinadores; o interesse da população em geral pelo esporte, fato que faz com que os ingressos sejam colocados em patamares baixos; os custos de realização dos eventos, os quais geralmente não empatam com as receitas, pelas razões que mencionei anteriormente.

BJ: Se não, pensa em outra forma de valorizá-lo? Como? Quais?

GM: Sempre tentamos colaborar com a valorização dos atletas dentro da nossa realidade. Constantemente, indicamos atletas das mais variadas equipes para participarem de eventos na nossa região e até mesmo, ocasionalmente, em outros locais mais distantes. Outro ponto que tratamos de despertar nos atletas é o interesse em criar rotinas cada vez mais profissionais, como assistir a vídeos de luta, participar de seminários e cursos de arbitragem e cuidar da saúde e da alimentação, requisitos sem os quais uma carreira pode não decolar. O gerenciamento da imagem do atleta também é um ponto essencial, então é  bom que o lutador consiga divulgar o trabalho que vem realizando e é necessário que tenha comportamento adequado no dia a dia e principalmente nas redes sociais, pois os promotores de evento do Brasil e de outros países acompanham a vida dos potenciais contratados em tempo real.

Assim, a série de entrevistas se fecha, mas ainda teremos mais um post sobre este assunto: a minha conclusão com depoimentos de quarto lutadores convidados para falar sobre seus pontos de vista: Francisco Mairon, Anderson Dentão, Rudinei Rodrigues e Leandro Duarte. Aguarde! 😉

Para conferir a entrevista dom Diogo Bernardes (Heart of Fighters), clique aqui.

Com Fabaum Damásio (Portuários Stadium), aqui.

Com Marcelo Calegari (FEPLAM), aqui.

E com Adriano Souza (Attack Fight), aqui.

 

Quem publicou?

Rapha Ribrodi

Administrador & Fundador do AcervoThai, ex-lutador profissional, desenvolvedor web e consultor de dados. Migrou para a Tailândia em 2012, morou em Bangkok, Phuket, Ubon Ratchathani, Chiang Mai e Pattaya. Com mais de 10 anos no país de origem do Muay Thai, Raphael lutou nos principais estádios e eventos na Tailândia. Com mais de 60 lutas pela Ásia, ele se dedica a divulgar o esporte no Brasil, para ajudar a nova geração de lutadores brasileiros.
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