Samart uma lenda do muaythai e a entrevista sobre o fim do esporte
Samart Payakaroon é considerado um dos maiores nomes na história do Muaythai. Prêmio Melhor lutador do Ano 1981/1983/1988, 4x campeão do Lumpinee Stadium, campeão WBC peso-pena.
A entrevista abaixo feita pela Thai PBS com legendas em inglês é um desabafo de Samart sobre o Muaythai atual e seu “declínio”.
Partes destacadas da Entrevista:
- Samart: “Falando francamente não há mais hoje em dia senso de devoção ao Muaythai, o público, os árbitros, tudo se deteriorou”.
- Jornalista: “você diz que um grande problema é a questão do julgamento das lutas?”
- Samart: “as pessoas não assistem mais o Muaythai pela Arte, e sim pelas apostas, eu mesmo não assisto mais as lutas, apenas quando lutadores meus estão no ringue”.
- Repórter: “Hoje os árbitros trabalham para os chefes do Muaythai?”
- Samart: “Sim, com certeza, os chefes do Muaythai conduzem tudo isso”.
Por exemplo, se o corner azul está chutando e socando muito, mas o corner vermelho é de um campo famoso, por mais que ele bata, o nak muay do grande campo espera até o 4 Round, clincha, derruba, as apostas de 2-1 sobem pra 10-1, e pronto. Eu não entendo como os juízes estão julgando isso, é pela força? Pela técnica, eles não dizem. “Se seu soubesse orientava meus lutadores, esqueçam a técnica bonita, apenas batam forte.”
Às vezes o lutador não fez quase nada e as probabilidades estão 10-1, isso não faz sentido pra mim.
- Samart: “Os pequenos campos de muaythai irão morrer”.
A entrevista e suas consequências
Samart defende os juízes mais antigos, afirmando que eles sim pontuam baseados na técnica e destreza do lutador. Acusa que atualmente o Muaythai ficou restrito a clinch, e força, diz que os farangs (estrangeiros) mostram um Muaythai mais técnico que muitos tailandeses.
A jornalista pergunta se o “declínio” que ele diz não pode vir da TV, que transmite as lutas ao vivo; Samart diz que não, pois as lutas que são transmitidas ao vivo não são grandes lutas. Diz que como dono de academia não possui muitos direitos, os promotores decidem tudo, e a ele não cabe reclamar. Promotores e apostadores tem o Muaythai na mão, e a ele cabe aceitar o fato.
No dia 17 de Março é celebrado o Dia do Muaythai, e muitos estrangeiros viajam a Tailândia para prestar homenagens a esse dia, Samart afirma que o no futuro o Muaythai irá pertencer aos estrangeiros, pois segundo eles são os que verdadeiramente se importam, prestam respeito, gastam seu dinheiro em prol do esporte, em 10 anos o esporte será muito mais forte fora da Tailândia.
Samart diz que um lutador na Tailândia faz de 20 a 30 mil Bahts por luta, porém se for lutar em outro País esse valor sobe para 100 mil baths. Casos como Buakaw e Yodsanklai os valores chegam a 600-700 mil baths.
Um País que está investindo muito no esporte é a China, contratando ex-lutadores tailandeses para serem treinadores, e um leque muito grande de lutadores.
Samart afirma que uma possibilidade para a melhora do esporte dentro do País seria a princípio os juízes em reunião com os treinadores deixarem muito claro o que está sendo julgado e como. Sua grande reclamação é que o Muaythai ficou limitado a Clinch.
O que fica claro ao fim da entrevista é que Samart acusa os grandes donos de campos de muaythai e apostadores de influenciarem os juízes e de como será julgada a luta, as regras são as mesma, os juízes seguem as mesmas diretrizes, seja no Lumpinee, Raja, Channel 7, Omnoi, porém para Samart existe uma influência muito forte e negativa da parte dos promotores, e apostadores que “conduzem” o resultado das lutas, e sendo assim o Muaythai irá “morrer”. O único Orgão capaz de intervir seria a autoridade esportiva tailandesa, porém nada é feito.
O problema é bem conhecido para quem vive do esporte no País, promotores, grandes apostadores e donos de campos famosos possuem grande influência com juízes, e há casos de lutadores que são envenenados antes da luta, caso de Sangmanee Sor Tienpo recentemente, o menino quase morreu, por causa das apostas.