Qual a relação do Muaythai com o Budismo?

O Budismo não é uma religião nos moldes tradicionais, e sim uma doutrina desenvolvida a 2.500 anos. Entender esse princípio é fundamental para derrubar alguns preconceitos. Sempre me deparo com a seguinte frase “Se você diz tradição no Muaythai, então você também tem que ser Budista”. Confesso que isso me dá sono, argumentos rasos sempre são chatos.

É como dizer “Você joga Capoeira? Então você tem que ser Umbandista, ou do Candomblé. Afinal a origem da Capoeira está atrelado aos escravos que estavam intimamente ligados ao Candomblé e posteriormente a Umbanda. Você não está no direito de impor nada a ninguém, mas sim entender do que estamos falando.

Altar Hindu-Budista

Budismo – Religião ou Doutrina?

Historicamente falando, não há consenso sob a definição da palavra “Religião”. Porém vou utilizar a de Agostinho de Hipona (século IV):

• Religião = Religere = Religar o Homem ao Divino.

O objetivo do Budismo, é o praticante se libertar do sofrimento a partir de práticas estabelecidas e conceitos como o Darma e o Karma. Uma doutrina estabelecida a partir dos ensinamentos de Sidarta Gautama no século IV Antes de Cristo.

A Tailândia hoje é 94,6% Budista, 4,6% se declaram Muçulmanos e 0,8% Cristãos*, sendo assim é obvio que elementos da sua cultura serão absorvidos. O Muaythai foi desenvolvido em cima dessa cultura, porém devemos deixar muito claro algumas coisas.

Símbolos de uma tradição

O uso do Mongkon hoje simboliza seu campo de treino e seu treinador, usa-lo é sinal de honra, representa sua capacidade de lutar em nome de seu treinador e de seu campo, nada ligado a religião propriamente dita.

O uso do Phuang Malai está ligado à crença de boa sorte, feito originalmente da flor de Jasmim. Dentro do Budismo representa o processo de vida e morte, porém hoje seu uso é apenas para trazer boa sorte ao lutador.

Ram Muay Wai Kru, nesse caso temos vários elementos simbólicos, Wai Kru demonstra respeito a seu treinador, já o Ram Muay não está ligado a adoração, e sim a símbolos que representam a guerra, a luta, a proteção entre tantos outros símbolos ligados ao inconsciente coletivo.

SUA CRENÇA E O MUAYTHAI

Conheço equipes que utilizam crucifixos em seu Mongkon, contas de Umbanda/Candomblé junto ao Phuang Malai, e até Ateus que utilizam de todos os símbolos. Nada disso desrespeita tradição, o que desrespeita é a falta de informação e argumentos rasos.

Lembro que ninguém é obrigado a nada, longe disso, mas nunca vi nenhum profissional desrespeitar seu próprio Esporte, ou você conhece alguém que pratica Jiu-Jitsu e ao invés de dizer “Sensei”, diz “Cê é loko hein Tio”? Afinal “Sensei” é uma palavra da cultura japonesa.

Deixo a minha campanha, “Não seja um idiota, estude e tenha sempre argumentos para que seu esporte, no caso o Muaythai seja pleno e não apenas duas pessoas se batendo”.