Confesso que quando soube que precisaria estar às 10h da manhã no Pelézão eu não gostei muito.
Eu estava na organização do Epic Muaythai Brasil, evento que aconteceu no dia 20 de fevereiro de 2016 e tem como meta revelar o melhor lutador da categoria até 65 kgs do Brasil. Para isso, acontecerão 5 edições com 16 concorrentes. Neste post, você encontra os resultados e uma descrição de como aconteceu. Aqui, dissertarei sobre outra coisa.
Enfim, não fiquei muito contente porque sabia que teria que trabalhar 12 horas seguidas e pior, teria que deixar de treinar.
Cheguei lá, não tinha nada pronto. O ringue estava sendo montado, as cadeiras empilhadas no canto, e um monte de tapete pra ser fixado no chão como um quebra-cabeça do tamanho real. Fora a lanchonete, os banners, tudo, tudo precisava ser feito.
Arregaçamos as mangas e começamos.
O Ivam Batista, idealizador e organizador do evento, e sua família estavam lá também fazendo de tudo.
Sabe, às vezes chegamos aos eventos e vemos tudo pronto, iluminação de primeira, o som rolando, passarela, os troféus expostos e pensamos que tudo aquilo já veio pronto ou que o organizador só ficou apontando o dedo ‘like a boss’ para que os outros executem suas funções.
Não, meu bem.
Num esporte como nosso que não há incentivo, os próprios ‘chefes’ precisam por a mão na massa.
E foi numa das raladas de joelho, ou ao carregar uma pilha com umas 10 cadeiras que parei, olhei e pude receber um dos maiores ensinamentos: ali estava o verdadeiro amor pelo Muaythai.
Não está apenas nas declarações que fazemos com nossas fotos que tiramos suados depois do treino. Está no que acontece por trás disso, com um outro suor, outro esforço, quando ninguém está olhando.
É abdicar de coisas importantes: eu mesma não puder ir no chá de bebê da minha melhor amiga e num aniversário de outra neste mesmo dia.
Vamos expandir essa reflexão: o bastidor não está só na organização de evento. Imagine que agora seu treinador pode estar sozinho em casa pensando sobre o seu treinamento da semana. Que o cara da arbitragem está assistindo mil lutas seguidas para aprender mais. Que o atleta está fazendo uma cara feia por conta da dor numa sessão de fisioterapia. E que o cara do vídeo está virando a noite editando as lutas para que todos possamos assistir o quanto antes numa qualidade realmente boa.
Citei apenas algumas de muitas engrenagens que rodam silenciosamente para que o Muaythai cresça e evolua de forma positiva.
A gente não vê, mas tem muita gente, mas muita fazendo que isso aconteça. E só faz por amor. Amor mesmo, aquele sentimento real.
E assim, eu sorri.
Quando eu vivenciei este lado, entendi tudo isso. E fiquei feliz por poder fazer parte.
Não nos esqueçamos dos que já fizeram pra chegar onde estamos.
E não ignore o que estão fazendo para que fique ainda melhor.
Obrigada, Ivam Batista por mais essa experiência.
Abaixo, um vídeo que fiz sobre os bastidores para tornar visível o ‘invisível’: