Colaboração de Gabriel Matoso para Acervo Thai.
Como não comparar o Muaythai com os anos de uma graduação em universidade?
Certa vez, o Kru New Laythongnoi me ofereceu uma lição interessante: “O Muaythai é como uma Bíblia, um infinito de informações”.
Não pense que treinar regularmente na sua academia vai fazer de você um talento no esporte tailandês. Costumo dizer aos meus alunos que o trabalho diário representa 40, talvez 50% da caminhada. Sem os estudos, através de congressos, cursos, seminários, simpósios, vídeos de lutas, entendimento de regras, o praticante vai estar com uma lacuna de conhecimento.
Esses estudos aos quais acabo de me referir agora estão amplamente oportunizados nas redes sociais. Quanto ao material que pode ser acompanhado virtualmente e gratuitamente, 24 horas por dia ainda seriam insuficientes para absorver o turbilhão de informações que possuímos. No que diz respeito aos eventos presenciais, geralmente possuem valor de inscrição acessível e ocorrem nos quatro cantos do País.
Cada palestrante vai ter a possibilidade de mostrar algo diferente. Alguns vão lhe mostrar novas técnicas de luta, outros vão falar de táticas, outros lhe ensinarão regras, outros saberão falar da tradição e da cultura envoltas no esporte, outros trarão a experiência dos anos, alguns serão pura inspiração, outros oferecerão malabarismo e pirotecnia. Acredite, você vai precisar de tudo isso para formar seu convencimento sobre o Muaythai!
Lamentavelmente, ainda ocorre no Brasil de o seu professor ou a instituição a qual você se vincula exigir que você participe exclusivamente dos eventos que ela promove, ou seja, lhe colocar numa redoma, numa bolha, para lhe privar das informações externas. Se isso estiver acontecendo com você, simplesmente fuja!
Com uma indagação, consigo justificar: essa confederação/liga/federação lhe remunera para exigir exclusividade? Muitíssimo provavelmente, você esteja agora respondendo que não!
É por essa razão que ninguém deve ser obrigado a frequentar somente evento X ou Y, sobretudo quando, na verdade, você paga para participar dessa instituição e não o contrário. O seu dinheiro é livre, você aplica onde bem entender!
Em se falando de evento de qualidade aberto ao público, Luiz Rico, gabaritado treinador e ex-lutador brasileiro, esteve em Fortaleza no último final de semana e deixou uma mensagem ao término do seminário que ministrou: “Tenho o meu reconhecimento no Brasil, várias pessoas me convidam para dar seminário, os meus atletas estão conseguindo os resultados. Mas, sinceramente, eu já estou me sentindo travado, estagnado. Preciso me renovar, pegar o que está aparecendo”.
Rico fala, justamente, da necessidade do trabalho de extensão, do ir além do seu pequeno mundo de rotina. Fica claro, portanto, que, assim com o conhecimento acadêmico em qualquer seara, o conhecimento prático em Muaythai exige constante atualização – nada diferente das especializações.