Infelizmente a Arte Marcial e os Esporte de Combate possuem um estigma de violência, possuindo uma falsa ligação com a ‘briga’. Isso acaba por afastar novo praticantes, principalmente os mais novos. Mas afinal, a Arte Marcial e os Esporte de Combate são realmente violentas? Antes de responder isso, vamos analisar dois esportes bem populares aqui no Brasil e comparar alguns dados.
- A paixão nacional
O futebol é o esporte mais popular no Brasil, não há novidade alguma nisso, porém, algumas informações sobre o esporte profissional não são divulgadas pela mídia. Mas nós vamos falar sobre.
”Nos últimos 10 anos foram registrados ao menos uma parada cardíaca a cada mês em todo o mundo entre jogadores profissionais.”
De acordo com os dados coletados pelo Sistema de Mapeamento de Lesões da CBF, durante o Campeonato Brasileiro de 2016 nós tivemos:
- 380 Jogos
- 299 Lesões:
- 42% lesão na coxa
- 38% lesão na cabeça, sendo 11 ocorrências de concussão cerebral (a mais preocupante).
Jogares se aposentam antes dos 40 anos devido ao grande número de lesões que sofreram ao longo da carreira e ao dano causado a saúde.
- Futebol Americano
Vamos seguir agora com o Futebol Americano, para quem não sabe o Brasil possui uma das maiores audiências do esporte fora dos USA. Considerado um dos esportes profissionais mais violentos do mundo, recentemente estudos comprovaram seu status.
Estudo da Academia Americana de Neurologia, revela que 40% dos ex- jogadores da NFL, apresentam algum dano cerebral. Sendo a média de idade de 36 anos, na sua maioria afastada da prática da modalidade há menos de cinco anos e que jogaram em média sete anos na liga.
Quanto mais tempo um jogador permanece ativo maiores são as possibilidades de vir a sofrer de uma lesão cerebral traumática. As lesões cerebrais também ajudam a explicar porque grandes jogadores como Calvin Johnson, Jarod Mayo e BJ Raji se aposentaram recentemente sem nem mesmo passar dos 30 anos de idade.
Porém atualmente há um dado bem alarmante, Bennet Omalu é um médico especializado em neurologia e em 2015 publicou um artigo relatando os danos cerebrais irreversíveis causado pelo futebol americano. A NFL negou todas as acusações, acuando o médico de falsificar os dados. Em 2008 publicou o livro Play Hard, Die Young: Football Dementia, Depression, and Death onde explora sua tese de forma mais aprofundada.
Em 2017 no estudo mais recente sobre o caso, 89% dos atletas apresentavam algum dano cerebral. Para saber mais: Brain Injury: CTE in Football
Mas e no Muaythai?
O Estudo da Saúde Mental em Lutadores Profissionais, que teve início em 2013 e previsão de 5 anos para encerrar as pesquisas (porém até o momento não foi divulgada), conta com a participação de aproximadamente 400 boxeadores e lutadores de MMA. Esse estudo pode nos fornecer dados reais sobre lesões graves e prevenções.
Até o momento não há pesquisas diretas sobre o muaythai, violência e seus danos ao corpo e mente. Mas em 2015 um estudo realizado pela Cleveland Clinic com 93 boxeadores e 131 praticantes de artes marciais com idades entre 18 e 44 anos, relevou que na questão “lesões e violência” os boxeadores levam a pior.
Eder Jofre – Está na lista dos 100 melhores pugilistas de todos os tempos. A maior estrela do pugilismo brasileiro, reconhecido internacionalmente pelo seu talento dentro do ringue, teve seu diagnostico; encefalopatia traumática crônica. O nome complicado pode ser traduzido por “demência”.
Lesões Traumáticas no Cérebro e Violência
Golpes consecutivos na cabeça são capazes de danificar a fisiologia cerebral, deixando o cérebro mais suscetível a lesões. A matéria em si não foi feita para colocar medo em ninguém, mas criar a consciência que todo esporte de contato tem consequências, e todos os atletas devem se cuidar, respeitar o período de descanso, de recuperação e orientação médica.
Vale ressaltar também que o estereótipo da violência dentro do esporte de contato deve sim ser levado a sério, seguindo critérios como:
* Lutar não é brincadeira ou diversão, o atleta em questão deve estar apto, bem treinado e seu treinador entender a responsabilidade disso.
* Respeitar ordem médica para descanso, exames e tratamentos.
* Eventos sem corpo médico ou ambulância comete um crime de não prestação de socorro.
Fontes de referência:
Estudo sobre lesões e os esportes
Estudo CBF para lesões no esporte