Não é raro ouvir nomes como Bangla Stadium e Patong Stadium quando se fala de Muaythai na Tailândia — estádios que, mesmo fora da capital, tornaram-se conhecidos internacionalmente. Ao norte, o Kalare Boxing Stadium, localizado no coração de um mercado tradicional em Chiang Mai, também figura entre os mais lembrados por turistas e praticantes do esporte de combate.
No entanto, por trás desses nomes mais populares, existe um ecossistema em constante transformação. Ao longo dos últimos anos, diversos estádios menores surgiram em diferentes regiões do país, operando de forma independente, e muitos deles também encerraram suas atividades, seja por falta de apoio financeiro ou por mudanças no cenário esportivo local.
Fora do circuito consagrado por arenas como Rajadamnern, Lumpinee, Rangsit e Omnoi — considerados os templos do Muaythai tradicional — uma nova geração de estádios tenta conquistar seu espaço com propostas mais acessíveis e modelos de gestão alternativos. Esses projetos, espalhados pelo território tailandês, funcionam com autonomia e, frequentemente, sem o respaldo de grandes organizações.
Um dos pontos mais relevantes desses estádios menores é a abertura para novos promotores. Em um cenário onde a realização de um evento depende, em grande parte, do investimento privado, esses espaços oferecem uma oportunidade real para quem deseja ingressar no mercado de promoção de lutas. Basta alguém disposto a arcar com os custos — incluindo bolsas dos atletas, estrutura do evento e equipe técnica — para que o show aconteça.

Reprodução: Google e divulgação de internet
Inclusive, é perfeitamente possível que um promotor internacional, como um brasileiro envolvido com o Muaythai, organize um evento na Tailândia. A ideia de um “Brasil vs Tailândia”, por exemplo, é viável em muitos desses locais, com a possibilidade de transmissão via internet para o mundo todo. Existem, claro, critérios a serem respeitados, como a garantia de pagamento justo aos atletas e a cobertura das despesas básicas da arena.
Um dos grupos mais ativos nesse cenário alternativo é o de investidores chineses, cuja presença na Tailândia vai muito além do turismo. Responsáveis por um volume significativo de investimentos no setor imobiliário, os chineses também passaram a investir no Muaythai. Um caso emblemático é o Max Muaythai, em Pattaya, que ganhou destaque e reconhecimento internacional por conta de seu formato inovador e qualidade dos eventos, sendo posteriormente adquirido por um grupo de investidores chineses.
Outro exemplo de crescimento é o JF Boxing Stadium, também em Pattaya. Embora menos conhecido do que o Max, vem ganhando força entre as regiões de Pattaya e Bangkok — uma distância de cerca de 200 km — e se firmando como mais uma opção no circuito de lutas, com foco em eventos regulares e oportunidades para novos nomes.
As bolsas pagas nesses estádios alternativos costumam ser mais modestas, refletindo a necessidade de atrair novos investidores e promotores para garantir a continuidade dos eventos. Ainda assim, o papel dessas arenas menores é essencial: elas representam a base de sustentação do esporte de combate, formando novos lutadores, sejam tailandeses ou estrangeiros, e mantendo viva a cultura do Muaythai fora dos grandes palcos.
Além disso, fomentam o turismo, movimentam a economia local e oferecem um caminho acessível para que novos promotores se estabeleçam no cenário esportivo. Em tempos de transição e adaptação, os estádios independentes seguem como pilares importantes no fortalecimento e na democratização do Muaythai dentro e fora da Tailândia.