Já começo esse texto pedindo desculpas.
Desculpa pela ausência no blog. A escolha por lutar tem tomado mais meu tempo do que eu imaginava: treinos maiores, treinos na hora do almoço, treino a noite, mais cansaço, compromisso semanal no mercado, horas na cozinha viraram prioridade para garantir uma alimentação quase perfeita.
Com isso, quase não achei tempo pra pegar algumas ideias da minha cabeça e transformá-las em linguagem escrita.
A segunda desculpa é pela viagem que eu começo a desenrolar nesse texto. Já aviso: é apenas uma percepção que tive sobre um tema.
Certa vez eu estava num seminário do Pairojinoi e um dos participantes, curioso, perguntou como “se anda pra trás” no Muaythai.
“Andar pra trás?” – Pairojnoi perguntou e logo complementou – isso não existe no Muaythai.
Fiquei pensando muito sobre isso, até hoje essa resposta reverbera na minha cabeça.
Todo mundo que acompanha meu blog, sabe que há pouco eu estreei nos ringues em uma competição de K1, ou seja: não valia clinchar.
Pra mim, entender as diferenças entre o kickboxing e o Muaythai vai além de entender as regras. É, vamos assim dizer, entender a ideologia de cada luta.
Confuso? Andar pra trás, K1 e clinch…
Bom, vou juntar A + B + C como uma simples equação pra tentar comunicar o que eu quero.
Quando o Pairojnoi disse que não existe andar pra trás, ele até podia estar falando simplesmente de não fugir da luta, mas pra mim veio claramente uma imagem de dominância de espaço. Seja pela força, seja pela estratégia, seja pelo gás.
Seguindo essa ideia, com os dois combatentes andando pra frente, chega uma hora que o clinch é inevitável. No K1, é inevitável também, mas o combate é parado neste momento.
No Muaythai, o combate continua até o dominante ganhar aquela situação. Existem técnicas desenvolvidas para trabalhar essa parte da batalha.
Não é lindo isso?
A ideia de podermos golpear mesmo não havendo espaço entre um e o outro realmente me fascina. É guerrear até o fim, até depois do que parece ser ‘permitido’. É ir no limite do limite pra ver quem tem mais força, mais poder e mais equilíbrio para se manter até em pé.
Às vezes observamos que alguns clincham para anular o ataque do oponente, como estratégia para ganhar e até mesmo pra dar uma descansadinha, mas eu sigo preferindo imaginar essa cena romantizada que criei.
Quanto às estratégias ou estilos, você pode dizer que existem lutadores que usam mais a mão (Muay Mahd), por exemplo, mas sigo dizendo: mesmo assim, o clinch é inevitável.
Você não precisa ser um Muay Khao para clinchar. Mesmo sendo um nakmuay que não usa do clinch sua estratégia principal, será difícil travar 5 rounds numa luta em que o clinch não aconteça.
E é por isso que eu digo, meu amigo, se você não treina clinch, você não treina Muaythai.
Se você não gosta de clinch, você não gosta de Muaythai.
Porque vai além da técnica. É da ideologia da luta, sacou?
Agora desafio alguém a se lembrar ou achar uma luta de Muaythai que durou os 5 rounds e não teve sequer um ‘clichzinho’!
Valendo! Quem achar posta aqui nos comentários! 🙂
Beijos,
Japa.