Enquanto me preparava no vestiário do estádio, eu senti que estava realizando um sonho. Era justamente essa a sensação.
Eu estava muito nervosa antes de entrar no ringue (acho que nunca estive tão nervosa), mas muito feliz ao mesmo tempo (também acho que nunca estive tão feliz com uma luta antes).
Pensei comigo mesma que eu fecharia um ciclo e pouco me importava o que viesse depois: lesões, enjoar dessa vida, o que fosse, já que meu objetivo teria sido cumprido.
Só não poderia imaginar o que estaria por vir.
Num simples resumo: depois da primeira luta as coisas mudaram um pouco.
Primeiramente, meu treino mudou. Cheguei na WMC e até agora eu tinha um “treinamento padrão”. Fazia tudo que um lutador tem que fazer, mas tudo básico, sem especializações ou até mesmo sem muito comprometimento do treinador.
Imagina quantas pessoas não passam por aqui? Eu era apenas mais uma…
Só que parece que durante a luta, os treinadores puderam ver como eu me comporto em cima do ringue e a partir daí senti um direcionamento no treino, tanto para saber o quanto de lutadora eu tinha e respeitar o meu estilo – se é que eu tenho um – quanto para arrumar tudo o que precisava ser arrumado – nem vou começar a listar…
Durante a luta, eles também puderam me conhecer como atleta. A atleta que consegue ouvir o seu córner, obedecer e executar – nem sempre executar com maestria, devo dizer. Mas seguimos tentando! Haha!
Foi então que eles perceberam que eu os respeito. Isso pode parecer óbvio, mas o que eu mais tenho visto aqui é que estrangeiro, no geral, não entende isso. Vejo a grande maioria questionando, ignorando e fazendo como quer, o que quer e quando quer.
E quando você mostra respeito, você ganha confiança.
Então não foi apenas meu treino que mudou, mudou também a forma que eles me viam.
Assim, outras coisas começaram a acontecer, como meu treinador me chamar para ajudá-lo na aulas de iniciantes segurando aparador. Ele dizia que seria bom pra mim aprender a olhar o movimento do outro, que me ajudaria a memorizar.
Um mês aqui, uma luta e somente eu, entre atletas masculinos e femininos, no meio dos treinadores os ajudando. Me senti amplamente honrada com isso.
Todo mundo diz que a primeira luta aqui é luta fácil. E realmente foi, mas se foi fácil ou não, foi um importante passo dentro da minha caminhada.
Certa vez, neste post, escrevi que lutar não é o fim, é o meio. E aqui, constatei isso novamente.
Quando achei que estava fechando um ciclo, logo percebi que na verdade estava mesmo era iniciando outro.
Para ver a luta, clique aqui.