Muito comum no MMA a cara feia e o trash-talk, são ou eram parte fundamental das entrevistas e promoções de luta. Ataques pessoais, ofensas e desafios que chegavam as vias de fato era comuns. Sendo honesto, esse tipo de comportamento é incentivado até hoje. É visível que lutadores brasileiros não se sentem confortáveis em entrevistas e divulgação de lutas, de forma forçada ameaçar ou falar bobagens contra seu adversário.
Aliás, esse é um ponto crucial contra os brasileiros, a cultura do Trash Talk não faz parte de nossa cultura, sendo assim ótimos lutadores soam artificiais ao falarem “mal” de seus adversários, e por não representar bem esse papel, acabam por não serem financeiramente atrativos.
A WWE E O PALCO DO ABSURDO
Você deve ter ouvido falar da WWE (World Wrestling Entertainment), ela detém aproximadamente 320 eventos televisionados por ano. São 36 milhões de espectadores em mais de 150 países.
evento WWE
Os programas da WWE não são competições legítimas, mas puramente baseada em entretenimento. É um teatro, nada ali é de verdade (acabei com a infância de alguém, peço desculpas), tudo é show, e tem que vender.
Com toda aquela maquiagem, luzes, som e cadeiradas nas costas, são eventos recheados com caras feias, “ofensas”, não cumprimento de regras e todo tipo de coisa pra entreter as pessoas, e funciona.
Apenas uma curiosidade, a WWE confirmou que tudo era teatro apenas em 1981, ela foi fundada em 1952, portanto eles negaram por um bom tempo que tudo era teatralidade.
Toda essa introdução foi para chegar ao ponto da matéria; porque a promoção de lutas hoje em dia é feita com tanto “trash talk” e caras feias? Isso ainda convence alguém? Vende mais a luta?
A cara feia e o trash-talk antigamente
Talvez o melhor no assunto tenha sido Cassius Clay Jr, mais conhecido como Muhammad Ali. Um dos maiores boxeadores da história utilizava-se muito do marketing pessoal e desestabilizava seus adversários. Famoso pelas frases “Eu sou o Imperador do Boxe”, “Ninguém pode me vencer”. Ali fez história no Boxe com sua postura provocadora, isso nos anos 1960/1970. Recomendo muito o documentário abaixo:
O caso mais notório foi no UFC, entre Ronda Rousey e Bethe Correia, a brasileira teria feito referencias a morte do pai da americana (ele cometeu suicídio após receber o diagnostico de uma doença degenerativa).
Toda aquela provocação, cara feia e poses para nada adiantou, Bethe foi vencida em segundos. Meio broxante, não? A gigantesca diferença é que Muhammad Ali era um show a parte, realmente venceu tudo a que se propôs.
Voltando ao assunto, esse tipo de provocação para vender não passou do limite? Ou “trash talk” não tem limite? E cara feia, ainda não é só fome? Ou ainda mexe com o emocional do adversário, como nos anos 1960?
Mas e no Muaythai, como funciona?
Você não irá ouvir falar de confusões na pesagem, de ameaças e coisas do gênero, porque isso não existe. A questão nem se trata de cultura ou religião, mas sim de entender que além de um Esporte Profissional é seu trabalho.
Recomendo que você assista ao documentário abaixo dublado em português do canal NatGeo, pessimamente traduzido como “Muaythai Clandestino”.
Nele temos uma cena que chama nossa atenção, o lutador Sam-A hoje um dos grandes nomes do esporte, faz uma promoção de sua luta para a TV local. Em certo momento é dito a ele por seu promotor para provocar seu adversário, dizer que irá “matar” ele com um gesto na garganta, Sam-A claramente constrangido faz o gesto após resistir por um tempo.
O que realmente está em jogo na luta? Pay per view? Então se ela (luta) acabar em 34 segundos valeu a pena? Ou se eu assistir ao vivo, pagar uma pequena fortuna e no fim toda aquela “raiva” era apenas mentira, e ambos vão para o bar beber juntos?
A rivalidade tem que existir, a vontade de lutar por glória, cinturão, dinheiro, fama, isso nunca poderá morrer, mas apenas fazer um circo em volta disso torna o esporte chato.
ATUALIZAÇÃO:
Ótima explicação do canal MMA no Ponto sobre essa situação.
E você, qual sua opinião?