Reconhecido como uma das maiores autoridades da arbitragem internacional de Muaythai, o experiente tailandês Yongsak Na Songkhla esteve no Brasil em abril. Com mais de quatro décadas dedicadas ao esporte em sua forma mais autêntica, Yongsak percorreu São Paulo, Minas Gerais, Manaus e Atibaia, onde ministrou cursos e trocou experiências com árbitros brasileiros de diferentes níveis.
Yongsak é atualmente o diretor de arbitragem do Rangsit Stadium, e já ocupou o cargo de diretor de arbitragem do Canal 7, um dos canais mais tradicionais de transmissão de lutas na Tailândia. Ele também atua como supervisor de arbitragem em uma entidade nacional tailandesa, e ao longo de sua carreira foi diversas vezes reconhecido como árbitro destaque pela mídia especializada. Em reconhecimento à sua trajetória, recebeu o prêmio de melhor árbitro do ano pela SAT (Autoridade Esportiva da Tailândia) — órgão oficial responsável pelo esporte no país.
Para muitos participantes, o momento foi mais do que uma simples formação técnica. Foi a chance de mergulhar em uma perspectiva rara: a visão de quem viveu cada transformação do Muaythai em sua terra natal. Em suas aulas, Yongsak abordou temas delicados como a evolução das regras, a preocupação crescente com a integridade física dos atletas e o compromisso do esporte em se adaptar — sempre preservando sua essência.
Nas redes sociais, os relatos dos participantes foram entusiasmados. Muitos destacaram a amplitude da visão de Yongsak e sua leitura sobre as mudanças que vêm sendo feitas na Tailândia para preservar os lutadores, ao mesmo tempo em que mantêm viva a essência do Muaythai. Houve, inclusive, espaço para trocas de perspectivas: árbitros brasileiros compartilharam impressões sobre o que a Tailândia ainda pode aprimorar, num gesto maduro de colaboração mútua que parece não caber na lógica de quem prefere o monólogo ao diálogo.
Curiosamente, essa visão didática e moderna colide frontalmente com o discurso ultrapassado ventilado em julho de 2024 por um perfil no Instagram, que costuma confundir transmissão de eventos com autoridade no assunto. Na ocasião, o canal Último Round afirmou categoricamente, durante uma live, que “os tailandeses não estão nem pensando em mudanças”. Uma frase que, se fosse apenas ignorância, já seria lamentável. Mas como foi dita com convicção, ganha contornos ainda mais preocupantes.

Slogan do brasão da AMTI reflete o próposito de quem busca trabalhar o Muaythai no Brasil há mais de uma década.
A matéria original, publicada pelo AcervoThai e assinada também pela AMTI, foi alvo de críticas públicas por parte do canal Último Round, que classificou o conteúdo — e, por extensão, o trabalho desenvolvido pelo AcervoThai e pela AMTI — como um “desserviço” ao esporte. A resposta veio pouco depois, de forma firme e fundamentada, através do fundador do AcervoThai. Uma defesa direta, mas pautada em fatos, que desmontou com clareza a narrativa rasa de quem prefere atacar projetos sérios a reconhecer a própria limitação diante da complexidade do Muaythai profissional.
Vale lembrar que Yongsak veio ao Brasil justamente a convite da AMTI — a mesma entidade que, na ocasião, foi desrespeitada publicamente pelo canal que preferiu a polêmica barata à honestidade intelectual. Um ano depois, o cenário fala por si: enquanto alguns seguem trabalhando em silêncio, promovendo o intercâmbio de conhecimento com nomes históricos do esporte, outros continuam presos em uma bolha de likes e opiniões mal embasadas.
O Muaythai não deve — e não pode — ter memória curta. O esporte evolui, cresce e se fortalece com o debate honesto, com a busca constante por conhecimento e com o respeito a quem constrói. Rotular o trabalho alheio como “desserviço” apenas por não compreender sua profundidade revela mais sobre o emissor do que sobre a mensagem.
Ainda neste mês, traremos uma entrevista exclusiva com Yongsak Na Songkhla, diretamente de Bangkok, onde ele compartilhará suas impressões sobre o cenário da arbitragem brasileira. Talvez seja uma boa oportunidade para alguns ouvirem — antes de opinarem novamente.

Reprodução: Rede social – imagens publicadas com o árbitro tailandês.