Um dos assuntos mais procurados em fóruns e sites sobre muaythai é a respeito da graduação. Existe uma enorme preocupação sobre o assunto e muitas dúvidas e histórias mal contadas em relação a como funciona a graduação dentro do muaythai. Ou ainda, será que existe graduação no muaythai?
Para responder a essa questão eu recorri as fontes mais confiáveis atualmente, Conselho Mundial de Muaythai (WMC), Federação Mundial de Muaythai Profissional (WPMF), Federação Internacional de Muaythai e Associados (Antiga IFMA), Kru Muaythai Association (KMA), WBC (conselho mundial de boxe – divisão para muaythai) e WMF (Federação Mundial de muaythai). Portanto todas as informações publicadas aqui foram retiradas de fontes oficiais que representam o muaythai em caráter profissional, amador e no aspecto marcial. E antes de começarmos devo lembrar a todos que graduação/faixa é uma ideia moderna criado pelo fundador do Judô, Jigoro Kano Sensei. Leia nossa matéria completa aqui: A origem da Faixa Preta nas Artes Marciais.
MUAYTHAI PROFISSIONAL
Dentro do muaythai profissional não há graduação de nenhuma forma. O motivo é simples, durante os anos 1930 quando o Muay se tornou um esporte com regras, ele diferente de lutas japonesas não adotou nenhum padrão de ensino, formas ou currículo. Sendo assim campos de muaythai e treinadores possuíam um jeito próprio de ensinar. E a melhor régua para entender se estava funcionando ou não, eram as lutas na prática.
Treinadores e lutadores ruins simplesmente desapareciam do mapa e ficavam apenas os mais qualificados, desde sua origem o muay tem por base testar e manter apenas aquilo que funciona. Sendo assim entidades profissionais como a WPMF, WMC e WBC não possuem nenhum tipo de graduação. Lutadores profissionais possuem apenas seu cartel de lutas como referência de seu desempenho.
MUAYTHAI AMADOR
O muaythai amador hoje tem como grande representante a IFMA , que hoje mudou seu nome para Federação Internacional de Associações de Muaythai, pois ela se fundiu com o Conselho Mundial de Muaythai (WMC). De acordo com a própria história da IFMA após sua criação, buscou padronizar seu ensino conforme os esportes de combate japoneses e o coreano. Em 2006 a IFMA realiza o 1º Congresso mundial de Khan, onde apresentou sua grande curricular, o sistema de graduação e seus valores.
Guia Oficial de graduação IFMA – WMC
De forma geral a graduação da IFMA/WMC é composta por “KHAN” como mostra na imagem a seguir:
MUAY BORAN
O termo Muay boran foi criado em 1970 pelo pesquisador Khetr Sriyabhaya para determinar a ideia de um conjunto de estilos de Muay que existiam durante os séculos 18 e 19 na Tailândia graças ao incentivo da família real que praticava muay, assim como seus militares e suas escolas.
Esses estilos durante o século XX foram formalizados para serem ensinados de forma padronizada. Atualmente a Kru Muaythai Association (KMA) é a mais ativa entidade no ensino do Boran e sua cultura. A KMA também trabalha com sistema de graduação.
BRASIL E GRADUAÇÕES
Conforme explicado nesta matéria, as graduações oficiais estão ligadas a IFMA e a KMA, porém diversas equipes no Brasil realizam provas e testes de graduação, está errado? Não. Devemos entender que o aluno comercial precisa de incentivo e algo palpável para entender seu crescimento dentro do esporte. Sendo assim graduação com foco em estimular as pessoas e até porque não melhorar sua autoestima devem ser realizadas sim. O que devemos evitar ao máximo é o comercio de graduação e o comercio de certificados, onde infelizmente em poucos meses pessoas sem instrução alguma saem por ai se dizendo “faixas pretas” ou ainda pior “mestres”.
A ideia de “mestre” e “grão-mestre” é moderna. Antes de 1867 no Japão as artes marciais eram ensinadas como meio de vida, como profissão, você era de fato um soldado. Essa ideia de “mestre” surgiu a partir do chamado Menkyo e Menkyo Kaiden. Certificados entregues somente aqueles que dominavam a arte no seu mais profundo grau.
Quem recebesse o Menkyo estava apto a ensinar a arte por completo, todos os seus aspectos técnicos e sua filosofia, além de toda bagagem cultural que a arte carrega com ela. Percebe a diferença com o que existe hoje? Esse problema não acontece apenas no Brasil, países como USA, Holanda, França e Inglaterra possuem o mesmo problema com mestres de mentira, estilos inventados e nomes que nunca existiram. Os termos “bullshido” – “Mc Dojo” ou “Fake Masters” são bem comuns no exterior, e você pode achar muito material a respeito no Youtube.