Em março de 2024, os esforços para a divulgação do plano de Soft Power na Tailândia começaram a se intensificar. Vale lembrar que o soft power não é um plano exclusivamente para o Muaythai, mas para a economia tailandesa como um todo. Trata-se de atividades que o governo tailandês identifica como oportunidades para aumentar sua arrecadação anual.
Mr. Pimol Srivikorn, Advisor to the Prime Minister and Chairman of the Sports Development Sub-Committee
Quando o Professor Pimol Srivikorn, Chairman do Subcomitê de Direção da Indústria Esportiva da Tailândia, se pronunciou no evento do Asawin, muitos praticantes da modalidade ao redor do mundo geraram ruídos e achismos. A ideia de que o Muaythai teria certificação, graduação ou coisas do tipo foi alarmante para aqueles que trabalham de forma independente, sem conexão com organizações. Contudo, essa reação exagerada se deu apesar da existência de entidades como a IFMA que já realizam esse tipo de trabalho. Então, por que o alvoroço?
O governo da Tailândia revelou que, com o soft power, busca arrecadar mais de 4 trilhões de Baht nos próximos quatro anos, sendo o Muaythai uma peça chave nessa arrecadação devido ao volume de dinheiro que já gera mundialmente.
Muaythai Padronizado?
A ideia de padronização é superficial e precisamos ter cuidado. O que seria padronização? Se o esporte tem socos e chutes, todos que o praticam utilizarão e treinarão os mesmos movimentos, mas não necessariamente da mesma forma. No nível competitivo, a diferença entre lutadores é o que torna o combate emocionante. Diversos métodos de ensino e interpretações individuais de cada execução por professores, praticantes e escolas de Muaythai são normais e enriquecedores.
Quem será o órgão máximo na Tailândia?
A dúvida sobre quem seria o órgão máximo na Tailândia para regulamentar esse trabalho foi um dos maiores medos dos praticantes ao redor do mundo. Uma pesquisa rápida no material divulgado pelo governo tailandês mostra que a Autoridade Esportiva da Tailândia (SAT) é a autoridade máxima, com a WBC e a IFMA executando trabalhos primários de forma independente, mas reportando-se ao SAT.
Graduação e Certificações
Organizações como a IFMA já desenvolvem trabalho de graduação e certificações no nível amador. A WBC também está criando uma divisão para auxiliar na construção de níveis amadores e certificações dentro do WBC Muaythai.
Muaythai Profissional
No nível profissional, o foco está na organização de eventos, cuidados com os lutadores e difusão de regras claras. O Soft Power Muaythai auxilia lutadores profissionais de todo o mundo que desejam vir para a Tailândia para lutar e treinar. Um visto específico para Muaythai foi criado e dará inicialmente 90 dias de permanceia no país, facilitando a vida dos estrangeiros sem precisar depender de um único campo específico para obter o visto de “estudante” de Muaythai.
E antes que você ache que não muda em nada para os brasileiros, os acordos bilaterais com a Taillândia que antes davam 90 dias como turista, passará a ter somente 60 dias ao entrar no país.
Ciruclar que já vem rodando na Tailândia.
Muaythai Amador
Por outro lado, muitos praticantes ao redor do mundo buscam o Muaythai não apenas como um esporte, mas como uma atividade física que melhora a coordenação motora e a qualidade de vida. Aqueles que treinam Muaythai conhecem os diversos benefícios que essa prática oferece, muitas vezes superando as expectativas iniciais. Diante desse cenário lucrativo, a Tailândia tem intensificado seus esforços para aumentar a arrecadação através de certificações, graduações, workshops e eventos, promovendo uma maior uniformidade nas ações com a modalidade fora da Tailândia.
Ciclo do Muaythai Soft Power
- Melhorar e Padronizar o Conhecimento: Não significa uniformidade completa no ensino, mas criar uma base que pode ser adaptada.
- Expansão do Muaythai: Criar centros de treinamento com critérios de excelência e formar novos árbitros. Além de oferecer visto de 90 dias para visitar o país para treinar e lutar.
- Organização de Competições: Auxiliar na organização de eventos competitivos para difundir a modalidade.
- PR & Promoções: Promoção do programa criado pelo governo da Tailândia juntamente ao SAT, WBC Muaythai e IFMA.
- Teste e Certificação: Ajustar os padrões existentes para criar uma uniformidade necessária para o governo monitorar.
- Monitoramento do Progresso: Avaliar se as entidades seguem as práticas criadas pelo governo. E entender se praticantes, treinadores e lutadores estão obtendo recursos para treinarem e competir Muaythai.
Atividades do Soft Power Muaythai
As atividades começaram a ser apresentadas pelo governo em março de 2024. Em maio de 2024, a primeira Muay Thai Master Class foi realizada na Tailândia, reunindo 300 praticantes de mais de 15 países. O evento, uma parceria entre a WBC Muaythai e o governo tailandês, evidenciou os esforços para uniformizar o Muaythai.
Durante o evento, o professor Pimol Srivikorn, Chairman do Subcomitê de Direção da Indústria Esportiva da Tailândia, expressou sua satisfação ao ver que os esforços para uniformizar o Muaythai globalmente estavam se concretizando.
Prime Minister Srettha Thavisin ao lado de Buakaw Banchamek e do professor Pimol Srivikorn, exibindo sua pulseira da WBC ao declarar o Muaythai no programa do soft power.
Conclusão
O governo da Tailândia reconheceu uma oportunidade pouco explorada, que estava nas mãos de grupos independentes. Com o Soft Power, o governo pode aumentar significativamente sua arrecadação ligada ao Muaythai. Agora está claro quem organizará o esporte em âmbito tailandês, e as principais organizações internacionais, como WBC e IFMA, que já estão alinhadas com os novos padrões estabelecidos pela SAT.
E ao mesmo tempo, já conseguimos até identificar aqueles grupos no Brasil que possívelmente estarão longe desse contato de reconhecimento pelo Govenro Tailandês e SAT. Pois são grupos em sua grande maioria que tentam criar padrões alternativos, titulando-se órgãos máximos e sem reconhecimento pelo governo tailandês.
Muitas dessas entidades no Brasil não cumprem os requisitos básicos de transparência. Elas não disponibilizam informações financeiras por meio de um portal de transparência para que seus filiados e entusiastas possam acompanhar. Além disso, não possuem um estatuto claro e acessível para a comunidade nacional. Muitas sequer têm um site com informações atualizadas. Essas associações privadas também não deixam claro os detalhes de suas assembleias e cargos, mantendo presidentes em posições de poder de forma indefinida, quase como se fossem reis.
